TODO AZUL DO MAR














Sonia Rosalia

Essa foi a primeira música que levei, inteiramente, à oração. Quando a ouvi, pela primeira vez, no início da década de 80, já era apaixonada por Nossa Senhora e a música dizia à Virgem, tudo aquilo que eu gostaria de dizer, mas a minha falta de talento não permitia. Quantas vezes me sentava diante de uma imagem e não sabia o que dizer? Muitas... muitas mesmo...

Meu amor pela doce Senhora, como gosto de chamá-la, começou quando ainda era apenas uma menina. Pelo exemplo de minha nona, muito cedo (devia ter meus 8 ou 9 anos) comecei a rezar o terço e sempre conversava com Ela sabendo que me olhava, que me queria bem e me protegia.

Mesmo quando, na adolescência, minha docilidade infantil ficou escondida no fundo de algum armário lá de casa, deixando minha querida mãe de cabelos brancos e coração apertado; mesmo em meio à pseudo-rebeldia que, como adolescente buscava a fim de encontrar meu lugar no mundo; mesmo quando deixei de ir à Missa aos domingos, porque me sentia auto-suficiente em demasia para dar-me ao luxo de romper com o 3º mandamento tão ensinado em casa e pelo seminarista que me catequizou; mesmo em meio a toda turbulência pela qual passava meu coração, jamais houve um dia em que tivesse adormecido sem rezar à Virgem.

Ela era o elo que me mantinha conectada ao céu e deve ter me livrado de boas, tenho certeza. “Mas, deixemos de coisa e cuidemos da vida, pois senão chega a morte ou coisa parecida e nos arrasta moço sem ter visto a vida...”   (Canteiros – Fagner)


Todo Azul Do Mar
Composição: Flávio Venturini E Ronaldo Bastos
Foi assim, como ver o mar 


A primeira vez que os meus olhos se viram no seu olhar 


Não tive a intenção de me apaixonar 

Mera distração e já era momento de se gostar 



Quando eu dei por mim nem tentei fugir 
Do visgo que me prendeu dentro do seu olhar 
Quando eu mergulhei no azul do mar
Sabia que era amor e vinha pra ficar 

Daria pra pintar todo azul do céu 
Dava pra encher o universo da vida que eu quis pra mim 

Tudo que eu fiz foi me confessar 
Escravo do teu amor, livre para amar 
Quando eu mergulhei fundo nesse olhar 
Fui dono do mar azul, de todo azul do mar 

Foi assim, como ver o mar 
Foi a primeira vez que eu vi o mar 
Onda azul, todo azul do mar 
Daria pra beber todo azul do mar 
Foi quando eu mergulhei no azul do mar


À luz da oração

Foi assim, como ver o mar 

A primeira vez que os meus olhos se viram no seu olhar 

Não tive a intenção de me apaixonar 

Mera distração e já era momento de se gostar

          
  Quem nunca teve esse contato mais íntimo com Nossa Senhora não poderia entender como é, digo poderia, pois o poeta explica exatamente o sentido: “Foi assim, como ver o mar”.
            Você se lembra da primeira vez que viu o mar? Lembra da sensação de imensidão, pequenez, beleza, tranquilidade, calmaria, paz, enfim, tente relembrar esse seu primeiro encontro e terá compreendido o que é ver os olhos da Virgem em seu olhar.
            Com certeza não o faria com a intenção de se apaixonar, mas... uma pequena distração e já é momento de se gostar.


Quando eu dei por mim nem tentei fugir 


Do visgo que me prendeu dentro do seu olhar 


Quando eu mergulhei no azul do mar

Sabia que era amor e vinha pra ficar 

            O olhar de Nossa Senhora é doce, terno e amoroso. Não quero, não desejo, nem tento fugir desse olhar que me seduz e me cativa.
            - “Mãe, me guarda dentro de teu olhar, para que eu só veja o que a Senhora vê.”
            “Quando mergulhei no azul do mar”. Mergulhar no azul da imensidão, mergulhar é entrar de cabeça, é não deixar nada sem molhar. O azul é a calma, a tranquilidade, a paz. Olhar para Nossa Senhora e mergulhar nessa calmaria, não permitir que uma só parte de meu corpo ou de minha alma esteja voltado para outra coisa quando estiver conversando com Ela.
            E quando me vi assim, coberta de paz, “sabia que era amor e vinha pra ficar”, porque o amor que vem de Deus não é passageiro, não é inquilino, não é mascate. É amor que se instala, que se acomoda sem incomodar e se ajeita para ficar.

Daria pra pintar todo azul do céu 


Dava pra encher o universo da vida que eu quis pra mim

          
  Como se pinta todo azul do céu? Como se enche o universo? 
            “Minha doce Senhora, contigo o universo é um grão de areia, o céu é uma tela a ser pintada, um descanso para minha alma. Contigo eu posso cumprir a vida que eu mesma quis pra mim, porque sou livre para escolher e posso escolher porque sou livre”.


Tudo que eu fiz foi me confessar 


Escravo do teu amor, livre para amar 


Quando eu mergulhei fundo nesse olhar 

Fui dono do mar azul, de todo azul do mar 
            Essa é a estrofe mais bela porque o amor foi visto, medido e agora é confessado. Confessamos aquilo que vai no íntimo de nossa alma, aquilo que não é de domínio público. E a única coisa que poderia fazer depois de ter conhecido Maria, seria confessar meu amor, mas não se trata de um amor entre dois iguais.
            Eu sou tua, "escravo de teu amor" e nesse amor sublime, escolhido e querido por mim mesma, torno-me livre, "livre para amar".
            E depois de tudo, no momento em que não consigo mais me separar de Ti, em que viver sem te amar é viver sem razão, já não sou mais escravo do mundo, mas dono de minha própria vida, vida que entrego a vós com a mais plena e completa liberdade.

Foi assim, como ver o mar 


Foi a primeira vez que eu vi o mar 


Onda azul, todo azul do mar 

Daria pra beber todo azul do mar 

Foi quando eu mergulhei no azul do mar

           
Foi assim, doce Virgem Maria, como ver o mar, meu primeiro encontro contigo. Beber o azul é tomar toda a paz para si, é inebriar-se com a presença da Senhora.





Há muito que te amo, Mãe. Sei que nem sempre sou uma boa filha, mas teu coração perdoa minhas faltas e tu sabes que meu olhar é todo seu, meu coração é inteiramente vosso, ainda que, vez ou outra, como todos os filhos, esqueça de lhe dizer.


E agora um pouco de música da melhor qualidade!!!
             

Comentários

Postar um comentário

Deixe seu comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Férias em família

O que é família pra você?