Poesia e Música. Vamos viajar?



A música sempre marcou momentos de minha vida. Desde a adolescência já usava a música como forma de expressar meus sentimentos. Naqueles doces tempos, Roberto Carlos era quem mais sabia expressar o que eu sentia. Sempre havia uma música para cantarolar quando estivesse feliz ou para chorar pelos incompreendidos amores que passavam pelos meus 14 ou 15 anos.

Aqueles por quem chorei, talvez nem soubessem de meu amor de adolescente, mas nada importava, pois Roberto Carlos sabia bem o que eu sentia, e cantava, para todo mundo ouvir, o que se passava em meu desconsolado coração.

Os amores juvenis se foram, mas o amor pela música, não. Sempre tentei buscar a poesia que havia nas letras. A literatura escondida sob as notas musicais.

O amor quase sempre era o tema preferido, a solidão, a tristeza, de vez em quando as alegrias também chegavam, afinal de contas, amor sem alegrias, mesmo que passageiras, não têm graça nenhuma.

Não sei se porquê ainda muito cedo descobri o grande amor de minha vida, aos 19 anos, ou por outro motivo qualquer que tenha me fugido à reflexão, já não havia motivo para chorar pelos cantos e sofrer por um amor perdido. As músicas cuja solidão e tristeza de amor negado ou desiludido já não me atraiam tanto. Talvez, eu tenha apenas crescido, talvez estivesse simplesmente muito feliz ao lado de quem escolhi viver minha vida toda, talvez... não sei, apenas tenha percebido que poderia mudar o foco das letras que gostava e chamavam minha atenção.

Não foi de forma planejada, nem querida previamente, apenas, aconteceu.

Ouvir uma música e pensar em Deus. Fazer oração com a letra de uma música, ou apenas parte dela, às vezes, um pequeno verso. Confesso que nunca havia contado isso a ninguém, pois achava meio estranho, já que, a maioria das músicas não foram feitas com essa intenção, no entanto, certa vez, ouvia algumas reflexões de um sacerdote a respeito das coisas de Deus e de repente, ele citou uma música antiga, que endossava o que acabara de dizer. E mais adiante, outro trecho e outro, até comentar que, "Das boas músicas podemos tirar muitas coisas. É só prestar atenção".

Nesse momento, minha alma sorriu e agradeceu.

Pensava, muitas vezes, em minha professora de literatura da universidade. Ela nos ensinava com o brilho nos olhos de quem ama a poesia, como quem está enamorado pela primeira vez. Dizia que não importa o que o autor quisera dizer ou para quem havia escrito, ou se estava sentindo-se solitário, apaixonado, triste, alegre, precisando de consolo... O que importa é o que cada um de nós é capaz de sentir ouvindo a poesia. 

Não podemos, é claro, fugir do texto, mas, se este nos leva, nos aproxima, nos faz refletir sobre algo em nossas vidas, em nossos momentos, o poeta está apenas cedendo parte de si mesmo, de sua poesia, para que possamos participar de sua obra. E, nesse momento sublime, em que transcendemos as palavras e buscamos o que há por trás delas, remetendo-as à nossa vida ou à nossa oração, passamos a ser co-autores da obra escolhida e o verdadeiro autor nos permite essa invasão, pois quer que sua poesia seja cantada e nunca, nunca escondida numa gaveta qualquer.

O que vamos ver nos próximos dias são trechos de músicas, versos ou músicas inteiras que, em diferentes momentos, podem nos levar a Deus, no entanto, peço que não se prendam apenas ao que lerem, mas que deixem seus corações abertos e busquem ver outras coisas que eu não tenha visto. Permitam-se voar.

Convido-os a fazerem suas próprias reflexões e agradeço antecipadamente aos poetas que aqui forem citados, pois suas obras me levaram ao encontro de Deus por diversas vezes e continuarão a nos levar, porque agora os incluo nessa "viagem", pelos caminhos mais bonitos que possam percorrer.

           

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